No balanço do nosso samba
Um abraço cálido que se estende nas cordas do coração.
“No Samba e Amor” é esse suspiro que se aprofunda no compasso da saudade e do encontro — uma faixa em que a voz da Bárbara Fialho flutua entre o ritual e o desejo, como quem se entrega ao giro lento de um samba-canção. Gravada em 2017, no single que a une a Seu Jorge, ela abre espaço para que o tempo desacelere e o amor se revele na cadência dos pandeiros e do violão. É intimidade musical que acolhe, voz que convida a dançar pela ponte entre o passado e o presente, entre o samba que pulsa nas ruas e a entrega que brota no silêncio.
Nesse registro, Bárbara parte da moda para mergulhar na música – uma trajetória que ela mesma aponta como inevitável, regressando às raízes que a avó e o avô criaram. A junção de sua suavidade vocal com a presença marcante de Seu Jorge compõe uma fusão de elegância e origem — o samba tradicional aparece revestido por uma aura contemporânea, quase cinematográfica. A participação dele adiciona densidade à leveza, e o resultado é uma canção que respira história e modernidade ao mesmo tempo.
Samba que toca a alma
O videoclipe oficial de “Samba e Amor” abre para um cenário em que a luz encontra o ritmo, onde Bárbara move-se num espaço quase etéreo, fluindo como se estivesse dentro do próprio canto. A direção, assinada por Jacques Dequeker e Damon Martin, reforça essa estética: cada gesto, cada passo, cada acorde, transforma-se em metáfora visual de entrega e liberdade. A música, produzida para o selo Arts District Records, segue a proposta de revelar que samba e amor são dois braços de um mesmo sentir.
“
A transição está acontecendo todos os dias, naturalmente. Eu amo a música, demais!”
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar
No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?
Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Entregue-se ao compasso
“Samba e Amor” não é apenas mais um lançamento: é porta aberta para que o coração se importe menos com o relógio e se permita ouvir o som das cordas e dos tambores reverberando dentro de si. A canção fala de ternura que não exige excesso, de paixão que anda de leve, alinhada ao compasso da vida que segue. É lembrete de que o amor pode, sim, ser suave — sem deixar de ser verdadeiro — e que dançar o samba da alma é, acima de tudo, entregar-se ao presente.